terça-feira, 23 de junho de 2009

A mais pequena jaula...

Estou preso, encarcerado...
Refém de um mecanismo,
repleto de minúsculos componentes,
que nunca encrava...

O carcereiro nunca se engana,
faz as rondas meticulosamente,
não se atrasa, nem se adianta.
Roda a ronda somente...

Julguei-me livre, mas não sou...
Sinto liberdade no pensamento.
Mas o corpo... Esse passa o tormento do cárcere,
foi o que me tocou...

Resta esperar com resignação,
que o carcereiro acabe as rondas,
e com total exactidão,
ordene a minha libertação...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ao Poeta das Gajas

Ao António Pedro Ribeiro!!!

A.P.Ribeiro,
moí o cérebro ao pessoal...
Milho na mó do moleiro...
Dá na cabeça,
ao artista,
ao banqueiro...

Caga no dinheiro,
queremos é gajas,
diz o poeta...

Engano...
As gajas é que sabem o que querem...
Querem o beijo do poeta e a carteira do banqueiro...
Ao contrário não é de certeza.

Bota e vira,
venha mais uma de cerveja!!!
E estás a financiar a revolução!!!

A.P.Ribeiro,
Estamos fodidos...
Não é com a força da caneta,
que mudamos o mundo inteiro...

O poeta é crente,
dá cabo da figadeira,
e fica todo comido da mente....

Olhos é o Diabo...

Clickar no título para ouvir Indigo Eyes do Peter Murphy...


A menina dos olhos bonitos,
liga pelo telefone dos aflitos...
Pergunta se chove, se faz frio,
se o vento corta...

Respondo que Deus faz o frio,
e o Diabo o calor...

E este é um dia de Deus...
Que venha o Diabo com o calor,
que o roube do inferno...

A menina dos olhos bonitos,
ofega e ri...
Será que acreditou?

Incontinente

Eu perdido,
em copos vazios,
em rodas de conhecidos...

Eu incontido,
incontinente a cada meia-hora...

Eu oco, sem sentido,
refundido em espelho baço.
Irreflectido...

Eu recuperado,
no copo cheio,
outra vez a recarregar a incontinência...

Eu e os copos,
lixado pela falta de tinta e papel,
fodido com os copos vazios...

Jardim

Eu que fosse um jardim,
uma volta sem fim,
três quartos de um pinheiro,
perto do mar...

Um quarto de pessegueiro,
junto a um carreiro...
Uma folha de coca,
malga de tapioca...

Bananeira sem eira da Madeira...

Eu que fosse um jardim,
com rosas e jasmim,
camélias e ofélias...
Três quartos de volta...

Um lago,
peixinhos,
um jardim...
Uma volta sem fim...

Espirro...
Alérgico,
febre dos fenos...

Quero dormir...

Des(a)tino

Um acaso do destino,
me fez aqui parar,
a tombola rodou faz muito tempo.
Tantas voltas e reviravoltas,
nunca julguei aqui estar...
Não quero rimar,
não preciso de rimar...
Quero tão somente conhecer os caminhos do destino,
se é que as tombolas tem caminho,
e o destino não for desatino...

Cansei, esmoreço...
Ranjo os dentes,
mando o fado ao caralho...
Estou aqui por estar!!!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Monstro

E um dia o Criador vai descer á terra...
Acordará com os pés atolados numa qualquer guerra.
Abrindo os olhos mal poderá acreditar,
como foi possível semelhante ser criar...

Reunindo os importantes á mesa,
com tristeza, concluirá que nada há a fazer.
Com as lágrimas a escorrer de desgosto,
Pensará:" Eu sou o Pai do monstro... Se te criei á minha imagem,
como fosses espelho meu... Afinal o monstro sou eu!!! "

Lacrimejando partirá para não mais voltar,
ordenando o seu fim, o nosso final...

Sarjeta

Ontem encontrei um Deus qualquer,
perdido numa vulgar sarjeta...
-Que fazes aí? Perguntei curioso...
-Desde aqui, com esta perspectiva...
Vejo os Homens como eles verdadeiramente são...
Demasiadamente altos para se vergarem á sua condição...
Suficientemente atentos para evitarem a sarjeta...
Demasiadamente cegos para verem quem lá está...
(Afinal não estava nada perdido... Pensei.)
-Queres que te ajude a sair daí?
-Obrigado, mas quando quiser acabo a minha contemplação e saio pelo meu pé.
-Então adeus.
-Ahomens, ahomens... Vós é que sois Deuses!

Pele

Engraxa-me as botas!!!
Faz-me sentir tudo aquilo que não sou,
e sei que não vou ser...
Anda, esfrega bem o couro velho,
faz brilhar a pele gasta,
ás tuas mãos vou parecer uma anilina brilhante...

Engraxa-me as botas!!!
Diz-me que sou perfeito,
faz de conta que me conheces o íntimo faz muito tempo,
ama o desconhecido...
Anda, esfrega bem o couro velho,
aos teus olhos vou parecer um príncipe...

Engraxa-me as botas!!!
Alimenta o meu engano...
Eu nunca fui nada mais do que couro velho...
Eu sou couro velho, gasto pelo tempo,
tocado por mãos sabedoras, que não as tuas,
olhado por olhos, que não os teus...
Sou o que sempre fui... Pele gasta...

domingo, 7 de junho de 2009

Atmosphere Joy Division Versão Peter Murphy

O cover está tambem grandioso , ou a voz do Peter Murphy não colasse de forma magnifica no poema...
Mais uma vez é só clicar no título.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Atmosphere- Joy Division

Furei o esquema de somente publicar poemas meus...
Mas este poema merece...
Para ver o vídeo no YouTube basta clicar no título do poema.

Walk in silence,
Don't walk away, in silence.
See the danger,
Always danger,
Endless talking,
Life rebuilding,
Don't walk away.

Walk in silence,
Don't turn away, in silence.
Your confusion,
My illusion,
Worn like a mask of self-hate,
Confronts and then dies.
Don't walk away.

People like you find it easy,
Naked to see,
Walking on air.
Hunting by the rivers,
Through the streets,
Every corner abandoned too soon,
Set down with due care.
Don't walk away in silence,
Don't walk away.

O Guerreiro

Ergue-te meu amigo,
não sejas fraco,
sê forte , formal,
duro, brutal...

Não pares,
aguenta, sê estoíco,
espartano,
és heróico!!!

Vence uma por uma,
todas as pequenas
batalhas dos teus dias,
ganhas a guerra!!!

É para isto que foste
concebido, educado,
formado...
Anda amigo anda, ergue-te...

Veste a armadura,
afia a espada,
desfaz a barba,
quantas cabeças vais fazer rolar hoje?

Sorriso III

Parece-me que amanhã venho mais cedo,
com aquela esperança a fervilhar no meu cérebro.
Venho mais cedo, é certo, mais que certo,
digo inevitável...
Derreto-me, cubo de gelo ao sol,
tenho a máquina da vida aos pulos, prestes a avariar...
"All I wanted ,all I needeed is you in my arms..."
Nem de propósito até a merda da rádio joga a teu favor,
ponho a letra a meu jeito...
Como foi possível teres ido de férias,
como aguentei tento tempo sem te ver?
Não sei explicar...
Esse teu sorriso,
esse teu sorriso,
mata-me aos bocadinhos, é mortal sem o saberes...
Por um segundo gostaria de sentir um beijo teu,
por uma vez saber que esse sorriso era meu,
só meu,
esse sorriso,
teu,
meu...

Já!!!

Parto a destino incerto...
Renasço...
Ávido de recordar novas paisagens...
Olho pela última vez o espelho,
que reflecte os caminhos antes percorridos...
O sol brilha, o céu azul,
por agora augura bons presságios...
Nem mala quis fazer...
Tal é a necessidade de partir...
Até o livro interminado deixei aberto algures por aí.

Parto a destino incerto,
em viagem de futuro,
deixei para traz o passado,
agarro o presente,
largo-o, ganho balanço e fujo para a frente...
Renasço, abraço futuro!!!
Quero viver, exijo viver,
já!!!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Lucidez

Esqueçamos-nos das nossas existências,
vamos ser perfeitos,
juntos no esquecimento...
No lavar de memórias,
nem o cheiro do sabão se fica...
Desentranho do corpo o teu odor,
que outrora me agradou e hoje me nauseia...

Que te seja igual...
Nunca nos merecemos,
equivocamos-nos,
julgamos amar-nos,
não seria mentira,
apenas irreal...

Somos demasiado distintos,
tão distintos como a cor e o preto e branco...
Fomos muletas, amparos , solidários...
E confundimos amor...
Amor é mais que isso ,
tivemos quase amor,
faltava algo...A faísca...

A faísca que incendeia as almas e os corpos...
Essa não se força...
Ou se tem e perdura... Ou não de todo.
Esquece... Esqueço...
Vamos ser felizes...

Sorriso II

Hoje não te vi outra vez,
soubesses como isso me desfez...
Precisava de um sorriso,
num dia assim tão indeciso...
Outra vez a caminho do inferno,
debaixo de chuva que parece mais do que molha...
Rogo pragas a este inverno,
que nunca mais acaba...
E vou ganhando coragem ,
para da próxima vez te dizer algo mais...
Talvez confessar que te escrevo nestas folhas,
e que te aprecio o sorriso...
Anseio pela hora de te voltar a ver...
E prometo-me desta vez a palavra não...
Não dizer...

terça-feira, 26 de maio de 2009

Pensamentos

O Tédio

Buraco negro das emoções...
Sorve-nos as paixões,
blinda-nos a alma,
cega quem ama...


A Poesia

Vem das tripas,
vem da alma,
pura cozinha,
ou grande borrada...


O Amor

Quem sabe amar,
Quem se deixa amar...
Encontra fácil,
a quem tramar...


A Noite

Sem sol com lua,
almas toldadas,
vagueiam sem destino,
a minha talvez mais bela que a tua...

Luxe TV HD

Casa, carro...
Lcd,Portátil...
Gps ,Iphone...
Férias, fim de semana...
Tenha tudo,
seja feliz...
Não sonhe,
viva,
agora já,
para sempre!!!
Suaves mensalidades,
descontadas automaticamente,
até ao fim da sua vida...

Vida eterna no paraíso,
ou no inferno,
em moradia independente,
sossego absoluto,
vistas soberbas...
Pagamento em vida,
sem mensalidades...
Falar Prado do Repouso,
resort and spa...

São Valentes 14-02

Corpos suados , ofegantes...
Uma obscura pensão,
fundidos até á exaustão...
Vidas desencontradas,
encontram-se por uma hora,
longe de tudo,
escondidos da punição...
História de amor,
repetida todas as sextas,
ao final da tarde...
Renovada a cada 168 horas,
penosamente contadas...
Cruel destino de eternos amantes...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Informação

Se um dia... do meu mais triste neurónio sair " o poema"...
Esse poema não é meu , é do tal neurónio que se emancipou...

Sem Título

Cada vez , cada vez entendo menos do que se passa...
Estranho , eu que vivo na era da informação ,
pareço estar a viver na escuridão!!!

Cada vez , cada vez estou mais confuso com os dias de hoje...
Leio e não descodifico, ouço e não entendo,
vivo distante , talvez com medo...

Cada vez , cada vez que me esforço por perceber,
dou comigo perdido, e talvez a temer ,
viver sem destino, roído pelo saber ,
que não consigo... assumir... sequer beber...

Cada vez, cada vez sou nada , nada... uma e outra vez!!!

EXZERSISIO

Sinto-me uma folha em branco...
À espera de ser preenchida...
Tem de ser preenchida...
Uma folha em branco...
Folha em branco...
Sinto-me...
Sento-me...
cadeira...
Sento-me pesado...
Na cadeira vaga...
Sento-me pesado como sou...
Na cadeira vaga azul...
Sento-me pesado como sou sempre...
Na cadeira vaga azul pintada...

terça-feira, 19 de maio de 2009

O General Ileso

Acordo a meio da noite ,
com a poesia as tabelas no meu cérebro...
Pancadas dolorosas não absorvidas...
Espanco-me cada vez mais forte, assumo dor...

As palavras em turbilhão a ordenar,
antes que se escapem...
Agarro-as e enfio uma por uma numa calha,
transportando-as até à ponta dos meus dedos,
num processo em que se ordenam do caos da sua
errante inicial existência...

Parto com dor, a sangue-frio, não anestesiado,
a ninhada imensa alinha-se por fim,
primeiro em linhas finalmente em batalhão...
Sinto-me General que envia tropas ao sacrifício da imolação,
por seu exclusivo deleite...

estou indiferente ao resultado final da batalha,
acende cigarro o general ileso,
certo da vitória final, mais palavra menos palavra...
A dor dilui-se , ileso rejubila o feito...

Pain

A dor é implicìta na vivência desta triste alma do mundo,
a dor da génese, dor que suponho, porque ainda resta,
sobrevive na condenação do existir...

A dor permanente de tantos enganos irreversíveis,
auto-infligida, quase mortal nos desmaios do esquecimento...
A infligida pelos cruzamentos fatais com outras almas doridas...

A dor que me aniquila...
A dor que me transforma...
A dor que me embrutece...
A dor que me entorpece...
A dor de todos os dias...
A dor de mal saber viver...
A dor...
A dor...
A dor da caneta na folha crua...
A dor que relembra a dor...

Pain, diz o aço incandescente na minha carne...

Ladrão de Panelas

Quando assalto o arroz frio,
audaz, furtivo...
Todos dormem na parada...
O profissional acorda solitário,
salafrário...

Abre a lata de salsichas...
drogado de emoção, aproxima-se...
Assalta a panela!!!

É o arroz frio que o faz feliz,
o frio...
A prova da audácia,
quente não era feito,
era obra do normal...

Saciado às colheradas,
arrota,
foge,
deita-se,
dorme,
missão cumprida...

Fim do Furo

E chega a escuridão
de nós resta vazio,
ou um dia de cínicos,
de luzinhas tremeliquentas,
de sofreres fingidos.

Apaga-se o apagado,
remoem por instantes
memórias vagas,
as brilhantes,
que de outras...

É isso mesmo,
chega a escuridão,
não há luz ao fim do furo...

Cínicos só cínicos ,
que um dia julgaste de outro modo...
também tu pagas a dívida,
Que querias?

A Visita

Animal nocturno,
que ataca pela calada,
a tristeza...
abre minúsculas feridas,
memórias dolorosas,
uma a uma,
até me atordoar...

Caio exausto,
roído de dentro para fora ...
Na aurora desaparece,
se volta mais logo ou não?

Nunca sei de antemão,
É visita que não se faz anunciar...

O Inerte

Tantas estrelas no firmamento
e nem uma brilha para mim,
tantas ondas no Mar,
nem uma chama o meu nome...

Não sinto o cheiro da terra,
nem a chuva me encharca,
não ouço música,
não consigo ler,
nem um trago sorver...

Não sinto paixão ou ódio,
nem frio ou calor...

Sou cadáver,
vivo vida eterna... Obrigado...
Agradecido ou forçado?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Obrigado

Fica aqui o meu muito obrigado a todos quantos já deram um pulo até este blog!!!
Tenho o compromisso de somente publicar escritos da minha autoria , de qualquer forma vou providênciar alguns links para páginas de poesia e outros escritos que julgue interessantes...

Mais uma vez o meu muito obrigado!!!

Ricardo aka Contra.

P.S. - comentem e critiquem , todos os comentários são bem-vindos!

Amigo

Abro os olhos e acorda-se-me o pensamento,
Que vivo num mundo de alcatrão e cimento,
Com escassa cor e sem sentimento...
Doi-me o coração, quando relembro esta cidade ainda aldeia...
De laranjais e campos verdes,
O lavrador de Paranhos, a mula a pastar...
Fecho os olhos e sonho, com 31 de Janeiro e Sta. Catarina a formigar.
E os assadores de castanhas...
E havia menos betão e mais sentimento...
E mesmo com ceú cinzento não sentia o frio,
Sentia-me em casa...abrigado.
Esta aldeia outrora invicta,
Vencida por um progresso sem regresso...
Abro os olhos e choro-te,
Meu amado Porto de abrigo...
Meu amigo... Perdido...

O Ganâncias

Era uma vez um cromo luso...
Comprou a quatro noventa
Acções de um banco qualquer
Agora só a zero oitenta
O burro já não aguenta...

Pensava o triste luso
Enriquecer sem a mola vergar...
Aquilo subia, era só arrecadar...

Quando começou a cair,
Nos amigos dos bons conselhos,
Começou a zurzir...
Dantes tinha guita
Agora anda a pedir

Mas o filosofo José...
É um gajo pá...porreiro!!!
Vai-te devolver a guita
À custa do povo ordeiro...

Tens da razão o peso,
Com amigos assim ...
Nunca vais acabar teso...
Neste país só o povo
Acaba liso ou ... Preso!!!

sábado, 16 de maio de 2009

Aprende...

Homem sofrido , aprende a amar...
Distância, felicidade no lar...
Carinho e afecto, coisa rara.
Nunca mais digas ... Aquilo.
Não te enganes, não sejas espontâneo...
Coração na boca, vida arruinada...
Pensa antes de falar.
Nunca mais digas... Aquilo.
Fala de tudo menos do que sentes...
Troca afectos por prazer carnal...
Assim é mais fácil.
Nunca mais digas... Aquilo.
Assume mas não te comprometas,
Sente mas não transmitas.
Omite...
Não digas o que sentes...
Não digas AMO-TE!
Homem sofrido, aprende a amar...
A mentir...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Luta até cair!

Nascido algures perto da revolução
Filho de cheios de peito
Mas pobres de espìrito.
Traído pelo destino
Andou perdido numa vida
Cheia de vazios.
Alistou-se no exército
De livre vontade
Comprou a farda, uma folha de papel
E a arma, uma caneta.
Resta-lhe lutar até cair...

Aqui... Pátria.

Aqui onde o sol se vende em pacotes
E a honra se compra barato
Bocado de terra ingovernàvel
Qual nau sem leme...

Aqui onde o vento sopra forte
E nos empurra a destino incerto
Não há rei nem ministro
Que tenha dignidade por certo...

Aqui onde o mar é bravo e rico
E o pescador pobre
Ainda se aguarda
D. Sebastião nobre...

Aqui onde o esclarecido é pària
E o usurpador herói
Sou mais um forçado
A sentir este inferno... Pátria.

Vôo Nocturno

Estrelas decadentes,
Botecos cadentes,
Remédio santo
Para as dores de dentes...

Voa bem alto...
Dois centímetros acima,
Do histérico galinheiro...
Um piloto sem asas...

Lança apelo à torre:
"peço autorização para aterrar !!!"
"atenção vôo vn-1 whisky bravo...
chame um táxi... permissão para aterrar."

"pista à vista,
turbulência sentida,
amanhã volto...
à minha reles vida..."

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ódios

Odeio os falsos fortes
Os fracos fingidos
Os não assumidos
Os assumidos da moda
Os políticos da treta
A treta dos políticos
As ordens profissionais
Os profissionais da ordem
Odeio os bolicaos
Pretos por dentro
Brancos por fora
Odeio extremistas
E pacificadores cobardes
Odeio o direito à diferença
Como conceito...
E odeio-me quando odeio
E não consigo parar

Esta bola de neve!!!

Cacos



Partem-se cacos,

partem-se pessoas,
partem-se sentimentos,
partem-se bocados coláveis,
e partem-se bocados que nunca mais se unem...

Já me parti todo...
E ninguém apareceu com um tubo mágico...
Nem sei se queria ser mesmo colado ...
Sonho em ser inquebrável,
mas assumo essa impossibilidade...

Parto-me e partem-me sem remissão,
e de cada vez falta mais um bocado,
qual prato esbutenado,
à espera de um dia partir de vez...
E ser jogado no caixote de lixo da humanidade...

Handle with care !!!
Deveria usar na testa ,
numa etiqueta branca e vermelha ,
seria uma secreta esperança de ser poupado...

Contra no Palco

*


http://www.youtube.com/watch?v=PKlOcw4jBSQ


Uma estreia difícil em palco na Associação de Moradores de Massarelos em 25 de Abril de 2009 !!!

Os Parvos


Perdida algures em ruas áridas,
Uma mulher abdica,
Todos os santos dias...
Ama-nos...

Perdoa-nos as nossas ofensas,
Uma e outra vez,
Tolos somos nós...
Ama-nos...

Permite-nos o simples gozo,
Unimo-nos em carne contigo,
Tremendo de êxtases fáceis...
Ama-nos...

Pareces fraca,
Usável,
Transmites o que não és....
Ama-nos...

Parvos somos nós...
que te chamamos de má vida....

Eu nasci um dia...



Eu nasci um dia para te ver cometer
todos os erros que sempre cometes...
Para te ver seguir sempre o caminho errado
em todas as encruzilhadas...
Eu nasci um dia para te amar
e o que vejo é o afastar,
cada minuto mais longe de ti...
E nada está ao meu alcance que possa fazer
senão ver-te cada vez mais longe...
Saber que nos vamos perder
e nunca mais nos vamos olhar nos olhos,
como olhamos no dia em que nasci para ti..
.

Família



Uma dor atravessada no mais fundo do meu ser...

Quando falas de família, falas do quê?
Quando falas de família, falas do Passado?
Quando falas de família, falas da destruída?
Quando falas de família, falas da que destruíste?
Quando falas de família, falas daquela outra que também destruíste?
Quando falas de família, falas do meu sonho?
Quando falas de família, falas dos teus "amigos"?
Quando falas de família, falas de não-entrega?
Quando falas de família, falas de um projecto?
Quando falas de família, falas de uma meia-família?
Quando falas de família, queres uma?
Quando falas de família, sabes do que estás a falar?
Quando falas de família, sentes a minha dor?
Quando falas de família, já cresceste?
Quando falas de família, falas afinal do quê?

Falas do quê? Falas do quê?